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sábado, 12 de janeiro de 2013

O salto ontológico


 Ariovaldo Ramos

"Mas o Espírito de Deus produz o amor, a alegria, a paz, a paciência, a delicadeza, a bondade, a fidelidade, a humildade e o domínio próprio. E contra essas coisas não existe lei. As pessoas que pertencem a Cristo Jesus crucificaram a natureza humana delas, junto com todas a paixões e desejos dessa natureza. Que o Espírito de Deus, que nos deu a vida, controle também a nossa vida!" Gl 5.22-25

O novo nascimento pela recepção do Espírito Santo é um salto ontológico para a humanidade. Muda a concepção de ser humano.

Antes da queda, ser humano era ser a espécie criada à semelhança da Trindade, porém, diante de uma escolha. Pleno de consciência e de possibilidades, mas, diante da inevitável escolha entre a vida e a morte.  E, então, num ato de desobediência, pensando estar escolhendo o saber que faz ser como Deus, escolheu a morte (Gn 3.6; 11).

Depois da queda, ser humano é ser a espécie sem a vida divina, em estado de pecado, portanto espiritualmente morto.  Essa morte se manifesta nos vários delitos e pecados que caracterizam o seu modo de viver. O homem caído, no entanto, é sustentado pela graça mantenedora da Trindade, que lhe garante parcial acesso ao bem.

Depois da vitória do Cristo sobre a morte, pela ressurreição, que permitiu ao Pai, no Pentecostes e a partir deste, liberar a pessoa do Espírito Santo para habitar nos que creem no Cristo; ser humano é ser a espécie em que Deus habita e manifesta a sua natureza pelo fruto do Espírito, e que, por isso, pode dizer não à morte, em seu viver diário, enquanto aguarda a ressurreição do corpo.

Os que pertencem ao Cristo Ressurreto mataram na cruz a velha natureza humana, com suas paixões e desejos; escolhendo viver, apenas, a partir da nova natureza humana, a natureza do último Adão (1 Co 15,45-49), comunicada pelo Espírito Santo, que se uniu ao espírito humano (1 Co 6.17).

Os cristãos não consideram mais o pecado como "natural",  consideram como natural o fruto do Espírito Santo; portanto, todo sentimento e paixão, ou motivação, ou desejo, ou pensamento, ou paradigma que não se coadune com o fruto do Espírito é considerado disfuncional e descartado como falso, não importa a intensidade com que se apresente.

Os cristãos sabem que a velha natureza está arraigada neles, e se manifesta nos sentimentos, e nas paixões, e nos padrões de pensamento, e nas motivações. Também sabem que as culturas que a velha humanidade formou, assim como os sistemas políticos, econômicos, sociais e educacionais estão contaminados pela velha natureza.

Os cristãos, portanto, sabem que essa luta é hercúlea, e oram uns pelos outros, e se ajudam nessa batalha para viver a partir do salto ontológico, que a todos oferecem, e que lhes foi dado pelo batismo com o Espîrito Santo, que é ministrado por Jesus, no momento da conversão. 

Os cristãos lutam para que, como pessoas, manifestem o caráter de Jesus de Nazaré; como comunidade,  imitando a Trindade, busquem amar ao irmão, a ponto de se sacrificar por ele, como Jesus o fez; como cidadãos construam uma nova sociedade, onde a justiça corra como um rio perene (Am 5.24).
Os cristãos consideram como natural o amar, acima de tudo, ao Pai, representante da Trindade, que é o único Deus, dedicando-lhe toda a motivação, todo o sentimento, e todo o serviço, com toda a disciplina - porque é ao Pai que se dirigem (Mt 6.9), quando falam com a Trindade - assim como o amar ao próximo como o ser humano gosta de ser amado em todas as circunstâncias.

Os cristãos consideram como natural o ter a alegria de existir, comunicada pelo Pai; o estar em paz com o Pai, consigo e com o próximo; o agir a partir da paciência própria de quem confia na Trindade, como interventora na história para o cumprimento de seu propósito redentor (Rm 8.28).

Os cristãos consideram como normal o ser gentil e bondoso para com todos; o ser fiel ao Pai pelo cumprimento de sua vontade, expressa nas Sagradas Escrituras (Mt 7.21);  o ser humilde, reconhecendo-se como dependentes da graça divina, o que os coloca em pé de igualdade com as demais criaturas,  racionais ou não, animadas ou não; o que os torna responsáveis pela preservação da dignidade de todos os seres criados.

Os cristãos consideram como normal o estar sempre conscientes da Trindade,  pois, a existência do Deus implica em que há um jeito certo de viver; o estar sempre consciente de si, de suas possibilidades, limitações, direitos e responsabilidades; o estar sempre consciente do outro, de seu valor e direito.

Os cristãos, para tanto, sem cessar, pedem, buscam e batem, em oração, à porta do Pai, para que o Espírito Santo os controle, a partir do triunfo do Cordeiro Santo, por meio de sua ressurreição, em garantir o perdão dos pecados, dos quais sempre se arrependem, confessando-os, de modo que, fortalecidos no espírito (Ef 3.16; 6.10; Cl 1.11), possam viver sem dar lugar à carne: nome dado à velha natureza humana.

Os cristãos creem na Trindade: no Filho que, por amor ao Pai, venceu por eles; no Espírito Santo que, por tal vitória, em obediência ao Pai, neles habita, e no Pai de toda a graça que, por meio do Filho, lhes comunicou e comunica superabundante graça e, por meio do Espírito Santo, lhes comunicou e comunica a sua própria vida.

De modo que, diariamente, os cristãos se levantam para viver nesse novo padrão, por meio da obediência à Palavra revelada, sabendo que o Senhor Jesus, por meio da ação do Espírito Santo, mantém andando sobre as águas da existência, contaminadas pela manifestação de maldade, todos os que, pela fé, carregados por sua Palavra, sem se deixar levar por sentimentos ou circunstâncias, rejeitando a velha natureza humana, saem do barco da "carne" em direção a Jesus, o padrão do novo ser humano.